quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Progressivo.

Progride o homem. Inspira a ouvir Bob Marley, mantras. Expira confuso ainda. Os sopros ajudam a ampliar ares. Harmônio é amparo. Façanha é viver-se sendo um. Uno é mundo percebido. Então dever de ir-se ao centro é imperioso. Vai-se a sair-se e caminhar-se em lá. Inté!

Quando perdido em perdição é preciso retornar. A cantar as jornadas dão-se mais adocicadas. Andar e dançar é possível. Qualquer corpo serve. Qualquer tamanho é único. Escolhas, parece, não há. É dever encontrar caminho e luz. É dever percorrer e limpar. Já!

Hora é de revelar. É claridade. Quando acende, é agora. O berimbau apavora. Oferece o completo. A fumaça adentra. O obscuro anoita. Confusão é derrota. Preciso é retornar à música. E seguir atento, em nota e outra e lá. Trocadilho dá dó. Ufa!

Progressivo.

Progride o homem. Inspira a ouvir Bob Marley, mantras. Expira confuso ainda. Os sopros ajudam a ampliar ares. Harmônio é amparo. Façanha é viver-se sendo um. Uno é mundo percebido. Então dever de ir-se ao centro é imperioso. Vai-se a sair-se e caminhar-se em lá. Inté!

Quando perdido em perdição é preciso retornar. A cantar as jornadas dão-se mais adocicadas. Andar e dançar é possível. Qualquer corpo serve. Qualquer tamanho é único. Escolhas, parece, não há. É dever encontrar caminho e luz. É dever percorrer e limpar. Já!

Hora é de revelar. É claridade. Quando acende, é agora. O berimbau apavora. Oferece o completo. A fumaça adentra. O obscuro anoita. Confusão é derrota. Preciso é retornar à música. E seguir atento, em nota e outra e lá. Trocadilho dá dó. Ufa!

domingo, 27 de novembro de 2011

Lição.

Parece o triste o propósito do som. Não fiz. Digo. E vou lá tocar. E fica de noite. A tocar berimbau e xilofone passa-se momento. Depois harmônio e melódica, aos sopros de vigores, ocupam o tocante. O violão pede vigor e canto forte e doce. Sereno.

Pito é no entardecer. Sensação de incompletude comparece. Há impressão de defeito. Uma e outra dor redunda em outra dor e dor. Notas são possíveis no espaço tempo inteiro. Música é no tudo total dos todos. Flautas evocam tarefa de ampliar integridade.

Em viagem dentro da vida é donde viver. É certo contar-se em enredo. É certo eliminar adjetivos e voltar para perto do fogo. Há, em decreto de obrigação, o dever de voltar a versos. Rebelde escriba derrama-se em ata de palavrório. E grita!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Dia outro finda.

Começa noite outra. Cá estão homem e banda no ar. Na torre homem vela em assuntos musicais. Ouve Keith Jarrett a tocar harmônios infindos. É sem tamanho. Parece palavra com todo som a dizer contar cantos.

Segue o homem a tocar o harmônio. Respira e move e sopra o homem. O som é múltiplo e em desregra e desterro. É música abissal. É insistente repetido o tema. Há encontros de dedos a desenhar danças e a dançar sobre desenhos.

Coisa acaba em abrupto. Viola toca em noite de lua oculta. Noite é aclarada em perdição. Homem percebe-se passageiro do além. Telepata, empreende contato com alguns outros, cópias do eu, entre muitos discursantes. Todos vivem dentro do si.

Quer compreender o homem. Quer isto. Entende música em caminho. Dia outro finda, ora, quando enfim consegue. Encontra pedaço seu de mundo. Nele canta. Segue em propósito. Toca coisas e pessoas muitas. Encanta o entorno em sonoro e silente.


domingo, 20 de novembro de 2011

Noite em claro.

Noite. Momento. Alto céu segue risonho. Canção tão antiga rememoro. Canto em estudo é cochichante. É noturno. Quase exagero, quase manhã, quase insone.

Em branco. Nota. Uma segue outra e há espaços tocados. É quase certo. Perde-se vez e outra caminhante qualquer. Saltos de temas, saltos altos outros, resultam silêncio.

Sereno. Espaço. Dedos conhecem caminhos entre trastes. Sobre cordas saltitam unhas e carnes. Ouve-se o tocador. Na biblioteca recosta-se no desejar cochilar sonhar.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Divaga.

Tarde começa. O almoço já é pronto. Toma-se nota. É em fração tempinho. Comida descansa. Homem anseia em fome. O desejo esculpe um vácuo. Penetrados são homens por ondas, sons em ondas, sons e sons e assim e além.

Assuntos imensos imperam. Guerras há, avisam domingueiros. Ponto a ponto e cada parada são jeitos de dizer. As palavras querem saltar o entendimento. Queremos espaço porco poeta faminto. É assim o tom do dizer das palavras na mente do homem.

O transtorno é nítido. Vencido pela fome, quase apaga. Mas, se bem confuso, personagem não é trouxa. Há de sobreviver e contar-se a mais e mais gerações. Só é preciso comer, homem. É preciso comer em justo modo. Come e cala.

domingo, 23 de outubro de 2011

Noite de estudo.

Noite é estudo. Toca Manu Delago mestre. Há vindoura aula com Manu Dibango. Há promessa. Serenatas faz-se. Aos que passeiam dedicadas são.

Noite repete-se. Cada qual com qualquer dizer. Ainda é Manu Delago. Os corredores há com máquinas. Seres acoplados a moverem-se usando cadeiras há. Segue veículo a ver-se.

Tocar é de precisão. Um a um vão. Harmônio e flauta cherokee e melódica tocados. A base é o baixo ar. O pleno ar procura-se. Virão demais. Contar tempo é viver em verso. À sombra de Manu Delago o parágrafo perfura metro. Segue. São. Segue. São. Segue são. São segue. Há dom.

Manu Delago desoculta um dentro. Um exato vasto é o invisível. Tem um nome para o não visto. E a música mora dentro de lá. Então a fala, em um mesmo assim, impera. Estudador homem vigora. A ignorância é vasta e macia. Deixa-se encharcar do ar em nave melodiosa.

Manu Chao paixão nascida em presente. Manu Delago não para de tocar. Noite é outra e mesma em emoção. Infinito é bom dizer. O avião corta o ar sobre nós.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Terçol.

Vinho é tinto e seco. Compressa é morna. Pão é de ontem. Comunhão é em qualquer parte. O trem é do caipira. Todo homem é santo. Toda música é sacra.

Ouve-se Skalpel, Polish Jazz. Canta-se, ainda há pouco, canta-se. Ouvir não basta. Os pés balançam. Ainda há pouco, repete-se. É pouco. É mantra.

A doença é de olhar. É lágrima. O tudo é aquilo em dissolução. Musica a mágica. Busca é de curar o sempre. É vontade geral. Rebeldes há, diz-se, em toda parte e em lugares.

O homem quer tudo. Quer prazer por todos os lados. Senta e deseja. O homem sobre a moto deseja. Todo homem deseja. Conta-se em prosa. É hora de cantar.

O belo é o dia. Canta-se efetivo. Canções há em montes. Virgínia Rodrigues segue. Vive o homem na música. D'olhos há d'águas. Nas torres vive-se. Em viver segue-se.

Eis poema, em estreito. Hei de encontrar. Ei! Ouve homem, ouve Manu Delago! Pensa encontrar nesta janta um fim. Para poder partir a assuntos novos. Presente!

Homem come arroz de ontem vindo. Donde vive? Em recanto é certo. Pausa em quase versos. Súplicas transbordam. Torrentes há dadivosas.

domingo, 9 de outubro de 2011

(I)

Gostar-se é melhor ofício. Sombra é dúvida. Notícias e mágicos penetram escuridão. Mente quem diz. Diz canção. Canta-se lágrimas, rimadas, risadas. Ecoa cantiga diferente. Vai-se ao longe em mente.

O melhor fazer é contar. História é na noite depois do dia. No antes do dia é também. O som é demais. As imagens são substância. O corpo é o estranho. Mente quem diz. Lua é velha demais. Homem é velho em tal vez.

Alucina a cidade. Homem com outros penetra túnel. É em escuro de história. A trilha é gritante. Admoesta o homem memória. É a mentira o pior. Raspa a voz depois do desastre. Desvario é forte. Sons perfeitos invadem o trecho.

Canta-se. Voa-se em nave. Sorve-se o tudo. Lágrimas deflagram rotas. Na noite é breve o sonho. Procura-se letras para um hinário. Procura-se um hinário. O Harmônio encoberto prova o palavreiro. Descansa-se a ouvir Laurie Anderson.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Um pino.

Diga-se: tudo pode. Acabar até acontece. Atravessar a ponte e estar estarrecido é da lei. Prepara-se um caldo lilás, azulado, em vermelho e negro e amarelo amido. Ouve-se Lost Highway.

É dentro das profundezas da parede a residência de alguns pregos e o destino de todos. Sonha-se com passados, à Lou Reed. Pontuar é tremendo.

No ontem, história há de encontro. Músicos diversos, crianças e adultos juntos, a tocar instrumentos e cantar reunidos vão. É belo. Entoa-se a Oração do Fressato, em banda, com solo de menino.

No amanhã este agora está. Naquele futuro, o de ontem, o fruto é o imprevisto, o inevitável, o certo a acontecer em presente. Diarista estou. Inda hoje  voo. Toca Uakti.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Vivo.

Preparo-me para viver. Tomo um gole. Descasco batatas. Toco instrumentos. Toco o corpo emocionado. Já estou vivo. Os dias vivem. Estou junto dos vivos outros. Há memórias.

Um pito é de precisão. Caminho pela casa – lembro – a ouvir Cesária Évora. Lá no trecho dos fundos começa o efeito: transtorno. À música!

Ando. Lido em lixo. Quero um só lugar para ele na casa. Desejo no lugar, este do lixo, um sempre vazio. Nada vai fora. Não há fora. Aqui é no dentro, no mundo.

Leve é viver ao som da mulher a cantar. Danço. Sobre a Terra, pé a pé, salto. Sorvo coisas diversas. Múltiplos são os destinos a percorrer. Em cada, canto.

No antes imagino. Saio a passeio. Deixo parágrafo em metade. Vou. No meio há agitação de vivos. Pego suprimentos de limpar a bunda e de beber. Volto.

Perpassa a lança, a dos dias, um voo, um gigante. Navega-se em nave. Trechos mínimos de aconteceres abrem portas. Vai-se a muitas partes.

Ao som segue-se. Devoto sigo. Tem horas, parece, de explodir. Findar é infinito. Cedo aparece o começo do fim. É mesmo confuso. Desejo é de sono profundo.

Noutra tarde desembarco sempre. É no depois de tudo. Sob efeito das flores sulfúricas, e de Aerosmith, ponho-me em novo texto. Começo agora. Vai!

domingo, 24 de julho de 2011

Dor.

Convém falar dor. O arquivo está salvo. Posso seguir. Estou absoluta. Então: pirei, por completo. Virei coisa. Tome-se os tragos! Este é o dito. Tome-se a coisa toda. Vira-se toda. Meu nome é dor, das dores, dor. É igual. Falta-me, por vezes, o ar para encher as ventas. Não, não, não... Faltam também outras histórias. Faltas são várias.

Medida é três ou quatro linhas por parágrafo. Não mais é preciso. No trecho inscreve-se parte da história vivida. Além tenta-se descrever o dentro do acontecimento, o acontecido no dentro enquanto acontece o acontecimento. Tudo é mais ou menos. Graças aos velhos homens fabricadores. Eles tiverem ideia de máquinas e de instrumentos.

Preparei música. É meu trabalho momentâneo principal. Adjetivos existem. Palavras na real são inacreditáveis. Não acredito em coisa qualquer. Uso qualquer coisa. Será que estou a fazer? Será na verdade possível crer possível repetir. Afirmo serem as perguntas o de melhor. Afirmo afirmações em noite alta, sob céu risonho. A quietude é quase um sonho, cantarolo.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Projeto de conto: conto.

O menino chega à casa confusa. Carência é de arrumação, de aprumo e de beleza. Todas as coisas estas ditas servem só quando juntas. Cada qual existe em seu lugar. Entre as diferenças há as de lugar, de modos, de cores. Objetos podem ser transtornados. Novo mundo é desejo. As frases vêm avoadas. Menino é o homem. Velho é o homem. Tomado é o homem. Mundo fica difícil.

Por não saber começar, homem decide por fim. Estabelece plano. Distrair-se é tarefa. Deixa acesas coisas erradas. Não fecha válvulas. Não olha para lados. Desatenta. Pensa: mundo é difícil. Segue pela rua fria. Escuta gritos. Buzinas escuta. Freios ouve. O som da cidade o ocupa. A fumaça ocupa seu lar. Ele nem sente. Segue no dia, outro dia, outro abrupto.

Este papo teu tá qualquer coisa – ouve o homem. Em depois ouve Villa-Lobos. Em depois canta. Em depois fotografa, filma, mija e come. Passa noite, passa dia. Pensar é ofício humano. Homem pratica humanidade e pensa. Procura o prazer. Sabe: a vida está sempre certa. Corre-se, no permanente agora, risco de acreditar estarmos todos vislumbrando.

Parágrafo novo é preciso. Música, qual no sempre, corre solta. Repetir-se é necessidade de homem. Talvez a história seja fraca. Talvez seja história igual. Sem novidade, sem invenção, sem susto deve ser a história, a vindoura. Só passado é real. Martírios, desastres, romances, totais calculados, provas reais, resultaram nisto. E agora, o agora, é o resto. Será?

terça-feira, 12 de julho de 2011

sábado, 25 de junho de 2011

Prefácio.

Quando.

Venho andando. A andar repenso. Ser honesto é difícil. Alguém presta atenção ao título. percebe. É madrugada. O homem existe. Chegou a este ponto. O homem percebe ter chegado a uma ponte. Cria estratagema, quer crer estar tudo resolvido. Alguém entender o jogo fará tudo ficar mais claro. Acontecer isto, acontecer a claridade, fará tudo ficar bem melhor.

O livro está em começo. O ar é todo o necessário. Respirar é possível. Viver é grande e breve. Creio em conclusão alegre e certa. Há momentos de pensar: está feito. Na noite, em nota introdutória, temo tentar. Está escrito para não tentar. Está ordenado não cair em tentação. Não tentar! Não tentar! Não tentar. Então intento sair do mundo pelo teto.

O porque existe. Em profundezas invisíveis é donde é o donde e o donde veio. Pretender é palavra semelhante de interpretar. Disfarçar é quase pretender. Pensar é em idiomas e semelhantes. Não conhecer idiomas é bom. Dá tudo em música. Na Índia, sabe o homem, é possível babilonizar. O vulcão vem à baila. A lava vai pelos ares. O mundo some.

História esta é maior. O livro já existe escrito. O prenúncio, preâmbulo, prepúcio, previsto está. Ele é no fim. A promessa é esquecer. Começo é coisa sem fim. Não dá para não confessar. É tudo verdade. A mente é capaz. Capataz é mente. Mente. É despedir necessário. Tudo é para combinar com quando. Ideia é entendida. Consigo contar – pensa o homem.

domingo, 29 de maio de 2011

Presente.

Estou. Mesmo em turbante, esqueço. Há tarefas. Há fazeres. Quero contar. Todavia esqueço. Decerto lembro, em partes. Braços vão fracos. Abraço. Solavancos entre palavras acontecem. A fala é recortada por movimentos feitos com alarde, ou silentes. O pensamento é recortado. Observa-se o fim de cada princípio. É um esvazio. Onde estou?

Sou. Em avental, paro. Vejo o sujo por tudo. Vejo o limpar. Limpo. No meio, estaco em palavra. Falar é de precisão. Rola música de indiano e brasileiros. Vivo em verdade cada dito. Se não bem explico é por fraqueza. Misturo ideias. Penso em tranças. Amarro firme os cabelos. Os fios tensos indicam caminhos completos. Estrada ou riacho, nascente ou vereda, o que sou?

Vou. Em cárcere, livro-me. É em sonho, canção, cozido e flor e mais. Temor maior é o do eterno. Nele vivo, ora circunspecto, ora saltitante. Lavo no frio. Tomo o sol. Retorno à cela em início de crise. É precisão de alimento. Cozinha! É o dito em toda parte. Obedeço e lavo e seco e invento. Cigarra e formiga, juntinhas, dançam a arrumação. Em voo, vou?

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Salto.

Onde vamos parar? Arte é pergunta. É no meio do livro. É presente. Sabe. Insiste. Homem volta-se ao centro. Espalha pertences. Doa. Junta, em aposento a ser esvaziado, seus papéis. Quer separá-los por cor, tamanho, função, importância, sentido. Para tanto deve manter-se no antes estúdio. É difícil. Lê trechos de cadernos. Dias e notas de diários saltam ante olhos. Segue, em busca de resposta. Confessa-se.

Bateu! Arte é afirmação. Sim. Homem vai transtornado. Entrega-se às coisas, às substâncias. É dia de pito e nabo. Pita. Ouve canções. Rascunha um trecho. Segue em direção aos seres, aos alimentos vivos. Cozinha. Cebolas, fogo, óleo, nabo, açafrão e anis, em horas e jeitos, viram janta. Todas as coisas citadas, e outras esquecidas, giram dentro do cozinheiro comensal. Falta pouco para estar tudo certo. Não duvida.

Esbraveja! Esbraveja? Arte é palco. Personagem alcança destino. Alma em aperto anseia canto. Canta e saltita em sala, em canto. Sabe. De sobriedade resulta alegria. Todavia, arranjos faltam. Compreensão, tolerância, gentileza faltam. A cidade está com alma em frangalhos. Nela humanos transitam um tanto. Amedrontados, por vezes, seguem. É terra de teima, de errância. Acontecimentos transcorrem em cena, em abstrato.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Um sem título.

Ei! Emoção, emoção, emoção, onde oculta está? Quer saber o homem. Alquebrado qual menino em perdas primeiras. Brinquedo quebrado, morto conhecido, dente de leite caído, cada evento dói no adulto. Assim pensa. Em solilóquio defende-se e acusa-se. Santo, predador, promíscuo, belo, bruto, asqueroso, doce e por diante aponta-se afrontando o espelho. Em momento, chora. Águas, grandes águas, escorrem. No choro desenha moldura. Ali vê sonho seu. Escorrega em barranco. Aproxima-se da enxurrada e teme, mas não pode parar. No segundo seguinte é tragado por águas. Acorda em pânico. Segue assombrado dia adentro. Na noite inventa colocar todas as coisas nos lugares das coisas. Começa contando emoção. É tremor em peito apertado. Faz para fazer passar o mal. Lava, cozinha, esfrega, carrega, canta, come, guarda, escolhe, descreve movimentos e, desgovernado, observa-se. Conta música das antigas correndo ao fundo, ao sobre, ao dentro, ao largo e ao todo. Conta muito. Emoção, no geral, vem de encontro em lembrança, ou desencontro. Música deixa marca. O vivido é junto do antes vivido. Cordas foram tocadas, pouco antes de fatalidade. Personagem rememora a destruição do instrumento. Pequeno restou partido em dois. Apaixonado, incapaz de mencionar seu nome, segue enlutado. A historieta encosta-se em confissão. Melhor tomar providências. Saltar, saltar, saltar...


sábado, 14 de maio de 2011

Eterno.

O monstro.

Título é ser transformado. Alarme e música em conversação. É em rua plena. Titular é sua ancestralidade. Anuncia em rede, em suposto pseudo, em qualquer disfarce.

Língua é afiada. Dedos pedem unguentos. Todos ganham beleza. A resolução do completo, do decidido, do nobre e elevado decerto vem. Que mais virá?

Título descreve-se a dizer sou, por começo. Por ser sou. É por desmotivo. Oculta-se. Recluso canta. Quando noite luminosa, quando nublada, em qualquer quando. Canta.

Nada se explica. Título pensa. Confunde-se. Entoa baixo, cantante. Noite reside na noite. Título conhece. Sairá por aí. Vai à caça. Antes apaga luzes. Sonhará decerto.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Onda.

Cabelo, tronco e membros.

Faca afiada pouco. Cabeça feita com laço forte. Descrições de ligeireza são de valor. Homem senhor percorre-se. Domínios seus visitados são. Cada trecho é capilar. Começos são infindos. Sonhos entorpecem. Será possível pergunta.

Noite é aterrador em vezes. Música é remédio. Em ardores e verves, em voz, é o caminho. Falta não falta. Nada é preciso. Invento em ritmo é dever. Olho olha. Mão toca. Cheira e faz cheiro o sentidor. Canta-se, versa-se, volteia, vilipendia.

Nova é canção. Armados dedos em calos movem-se. Coisas estão tomando seus lugares. O quarto com palco, o palco e outros palcos, os camarins abertos e os trajes vão expostos, são visíveis. O público vai boquiaberto, em braços abraçados, em asas, em pernas. 

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Daqui.

Muito é sabido. Coisas vão presas em paredes, a mover-se por giro terrestre. Descrever o mundano vem a calhar. As palavras procuram sentidos. O som quase basta, é certo. O ignorado chega à luz. Já é conhecido o início do parágrafo, trecho vivido. Movimento é dever.

A entrada é pelo palco. O risco é súbito, estabelecido. Vaidade percorre a sala. Carrega objetos. Usa retratos para forrar mesa. Extrapola entendimento. A intenção de entregar-se à música deve ser confessada, em gestos brandos. Há dança. É na lenta.

Métrica discursa. Melodias tomam a noite. As luzes de cena são o movimento em cena. Em dado, em momento, o falatório beira estridências. Em rumo de silêncio, canta-se. Dança é suave. Há impressão de algum cansaço. Recolhimento é de precisão.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Sendero.

Dizeres.

É certo. Mesmo em embriagados momentos, o homem prossegue em ouvir ou fazer ou saber da existência da música. Não sei acabar com os ruídos, não sei o que fazer, eles tocam e a gente física só ouve o tocado, não sei, não sei, não sei como entregar-me – diz o homem, em arriscada noite alegre.

Salta parágrafo, Na madrugada, para safar-se, o homem inventa-se. Quer saber-se. Diz em belo modo. É fato. Não há como negar. A música, pasme-se, vem do rádio, em sintonia mal resolvida, aparelho das antigas, bêbedo operando, incapaz de melhorar a condição do ruído. Deus salve américa minúscula e verdadeira.

Música é sempre milenar. Isto porque história é assunto tocado em milênios. É noite. O fato é que, de fato, neste ato, o homem personagem está em pé, no centro do palco, sob luz noturna, notívaga luz azul, tocante, de braços abertos – esta é a posição do ator – e entoa. Sua cantilena é doce, breve, estreita.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Encontros.

Caminhos se estreitam. Vive-se à beira do verdadeiro. Definições buscam lugar em galerias de definições. O viajante não encontra sossego. Bate em portas. Bate em paredes. Segue em direções. Deixa-se ver.

A tristeza é marca do tempo. É prisão de afeto. Para verbo basta o ser. Quando e onde não são coisas de descrever. Importa dizer vento que arrasta. Importa tocar com olhos as ondas. Há dias em tormenta.

Desencontros há. Mais e mais seres seguem assustados. Temem uns aos outros. Histórias de amor, histórias de conquistas, histórias da história ocupam pessoas. Pequeno é o olhar. Palavras faltam ao momento.


segunda-feira, 25 de abril de 2011

Dezesseis e vinte e tudo vai.

Há o ato, póstumo. Há o contar. A realidade é um pretexto, insinua o senhor Joaquim Torres Garcia, encantador no produzir imagem, palavra e pensamento. O presente descrito é outro pretexto, desconfio. Sempre é passado, o contado. O teatro das horas ocupa-me em ruas estrangeiras. Ignorância é baú pesado.

Primeiro é o medo. Motor das vibrações no peito, existe. Pontua a vida em silêncio no corpo. É cria da balbúrdia da mente. Ensina, ensina, ensina. Todos os conhecimentos vêm dele, medo. Repete-se a personagem em aturdimento. Quer explicar coisas, dar contas do fazer diário, em tempo próspero e benfazejo.

Último é o medo. Primórdios, mares, ares e amores, rimas e inconstâncias, tudo assusta no presente eterno. A água, em insistência de fonte, confere o ritmo da fala. Tudo é música. Tudo é busca. Tudo é desentendido aqui e agora. Escrever assim, aos trancos, a temer em cada palavra é preciso, é precioso.

sábado, 23 de abril de 2011

Bagagem.

Palavra é nova. Usarei letras imensas, palavras hipérboles, desejos ardências e cruzes pesos. O diário alcança momento. É madrugada. Na ante sala de outro dia de estar.

Palavra é de velho. Voltarei amanhã, disse, e me recolhi. O sono deu em coisas diversas. Plagas, lembranças, vertigens e ares, tudo acontece em sonho. Na manhã, no mesmo disco, gira Maria João.

Palavra é enfiada em mala. Camisa, cueca, echarpe, casaco e casaquinho, de tudo, coisa, cores, manias, todas, vão. Veios vão traçados a doces e farinhas, na manhã de descuido.

Palavra pede o rito. Brota desejo de explicar. Pontudo, ereto, tenso é o tipo do furor do desejo. Curto, por exato, por critério de escolher só o de melhor, escorre em momento, preciso.

Palavra é foice. Já são devidos os cânticos. Pouco importa o que se vai fazer. Danação é o destino de quaisquer coisas. Coisas quebram-se e acabam, qual fossem vidas.

Palavra é tempo. Também isto é de perceber. No rito a anteceder o voo pode-se meditar medidas. Conta-se muitas coisas. Anos, dinheiros, histórias, ossos, vezes em vertigem e eternidades conta-se.

Palavra é pronto. Saíra em instantes, em direções. Aos montes vistos verá. Toda tralha é sempre pronta. Tudo parece querer seguir os moventes. Um viajante existe em verdadeira performance. Está entre muitos.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Louca é jornada qualquer.

A comida é para hoje e mais um almoço. Corpo de viagem, qual diria mestre mau, é ora o meu. Diário é império. Primeiro é lavar as panelas. Se feito pode intervalo. Um instantinho para ver retratos. Dada uma olhada também no espelho, firma-se o momento de cortar. Em ritmo certo e contrito é preparado o risoto da noite da paixão. Noite de senhor começa assim. O desejo dirige. E ordena em direções todas muitas.

A casa é uma desordem. Lúdico homem faz iluminador, coreógrafo, figurinista, ator, diretor, cenógrafo e, pasmem, o personagem. É um crítico em crise que num súbito sobe ao palco. Os ensaios são seus dias. Apaixona-se pela personagem e passa a vivê-la em solidão. Pensa em vezes sobre a possibilidade de ter encontrado o autor, doutro século, em uma das formas de comunicação fantástica, como a música, os versos, a física, o fogo e a telepatia.

O corpo é a única testemunha. Quando se acredita, de verdade, na vida antes da morte, é preciso manter-se atento. Convém cantar. Manter em desordem é muito parecido com manter em ordem. Manter parece por vezes necessário. Há momentos de insetos. Luzes acendem-se sem mão humana. Tudo é controlado em distâncias. As máquinas comandam movimentos. Conhecer não nos afasta das coisas. Homem voa, em plano, em dia a vir.

Afiliações.

Sabe-se lá para onde vamos quando criamos situação entorpecida assim. Deus guarde qualquer, quaisquer, um de nós é o próximo. Cada outro é próximo. Assim, de saída, saímos em direção a histórias diversas, perto e longe de espelhos muitos.

Pedras há em parte e lugar completo. Santos há em Índia e em sonhos. Santos há guardados em fundos de gavetas. Gavetas podem deixar de existir. O cansaço é extremo. Chegar a extremo é incrível. Homem entrega-se à devastação.

Faceiro homem comemora o ser músico. Comemora paternidade de gentes e de versos e façanhas repetidas, versos, rimas internas, paragrafação primária e depois o aperfeiçoamento de ser. Antes também é aperfeiçoar tecer. Aeronave é próxima.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Cruza o filme.

Alimento é alento. Arroz cateto, maçã desidratada, maracujá ressecado, esfarelados à mão leve descritos em parágrafo gigante, pretende-se mencionar à exaustão. Dá-se no enquanto ao fogo o rango verdadeiro está a passar pela mágica de submeter-se aos efeitos da combustão. O tom é do açafrão em pó. O sal é a generosidade. Dá sempre certo tudo. Lado a lado o corpo ainda vivo do comensal está com os seres metamorfoseados em comida sua. Dele é dever de entender fenômenos e realizar as pequenas, as façanhas.

Decerto algo restou no esquecimento. Pedaços andam despregados no momentâneo histórico. Está-se em santa semana, às margens da paixão. Hoje é de lavar os pés, ouvir as matracas, tirar dos ossos a lembrança, o exato oposto, o sabido pouco a navegar no mar do ignorar. Devemos. Oremos pois. Supliquemos até. Quando for, será preciso. A ideia de o senhor reunir apóstolos seus para afagá-los é da ordem de imensidões. Grande é momento, qual mantra, é bom repetir. Grande, grande, grande é somente o momento. Grande é o grande é o momento.

Uivo posto, choro ouvido, manha vinda de distâncias é parte do tudo. O passado perece, quer permanecer, quer tributar, crer, recriar. Mora em tudo aí também. Eitos, eitas, leitos e tetos há ocupando-se de proteger homem e seus. Vamos fazer uns alívios para o dia melhorar. Há possibilidade de presentear. Dádivas a compartilhar há muitas. Pássaros e motores sonorizam o meio do centro da tarde diamantina. Brilhos avançam. Conta-se as linhas desde certo o ponto da jornada onde um quando aparece e impulsiona os seres a moverem-se, pelo eterno.

Cruz Machado.

Inconfidência.

Vai-se pela casa em desvendamento de gestos. Segue-se em passos breves, passos, passos, ao som seguido, repetido em onda. Maria João, Maria João, Maria João toca os olhos memórias. E mesmo agora, quando flui desde a eletricidade, ortografa-se em erros a insensata história. Encerrado em trança, dissera-se em verso antigo. Repete o autor. Cita-se. Rememora-se em cabeça, tronco e membros, desde as antigas. Não tem para onde ir. O cumprimento do parágrafo assombra. A música é para saltar. E todos decerto saltam. Vírus, moléculas, átomos desconhecidos, células ocultas, seguem longe da possibilidade de qualquer entendimento. Uma dor leve gesta-se. Esperança renova-se. A vida é mesmo profunda. E nobre é a raça enfim guerreira.

Machado é coisa e nome. Faz e diz. Corta e pesa e espanta e serve. Abre fronteira e além. O nome da prosa é oculto. Não adverbiar? O qual significado de cada saída ou chegada é o definitivo? Saber-se-á mesmo quando chegada for a hora? O canto ouvido no tempo modifica a alma. Condutores, conduzidos, condutos, sons por sobre, em dentro, em sendo, adentrando, a ser, a adentrar corpos. Redes telepáticas a vibrar abrem sulcos na tela contemplada. Deuses, ídolos, mágicas desejantes são as energias contidas em homem. Nomear. Nomadizar. Aprender jeito certo, palavra nova, como é bom, como é bom, como é bom tocar instrumentos – exclama-se. Falta uma linha, uma mais só para deixar este trecho. As medidas são amorosas.

Volta-se em instantes. No depois de versos e grandes golfadas de ar, em encantos de trechos, becos, períodos, chapéus marcando momentos, pontuando, grifando, grafitando o enchapelado, seguem os muitos, os seres, os dantes nomeados. Nominar repetir-se sugere haver parar. Pausas e novidades, entremeios e opostos, parentes e premeditados, em premência, brotam em jornada em interno duto. Violeiros, cantores, cozinheiros, desenhadores, pintantes, voadores, velozes, trupe em trechos unida, noutros dispersa, momentânea em trajetos vai para perto de mares. Outono busca buscadores. Inda agora decerto há eterna a fome. Suave é o desejo.

Volteio.

Voltemos. Som na caixa ecoa. O canal de ar do cantor é imenso. O homem é baixo cantante. O tamanho do canal não existe. É extremo jeito de dizer. É jeito extremo de dizer. É dizer de jeito extremo. É um vento o vagante entorno. Decolemos.

Ouçamos. A verdade é pelos compositores expressa. A cantante é, mais e mais, Maria João, no repetir-se em ondas, em fibra ótica, em sonhos. Música é um algo inexistente em infinito fole alado, alçado ao céu desde o solo.

Todo o preparo é para viagem. Todo cuidado é para manter a vida. Todo curso deve de estar traçado em destino, ou não. Em não destino acontece o todo. O pensar circula. O ritmar perpetua. Percepção é crescente na minguante.

Será preciso perceber as vezes da métrica. E pressentir os encontros é preciso, e também precioso e rima, mimo, excesso. As músicas do dia musical são múltiplas. Cantoras e cantores comparecem ao presente. Produz-se um noturno, qual outrora cantara-se um vespertino.

Madruga-se. Nem é preciso dormir. Comer é preciso em sempre de horas certas. Produz-se uma coisarada e música. Conta-se, lembra-se, baixo é o cantante, o cantante é baixo. Frasear é preciso, viver é por bem preciso. Precisão é o exato talento, o buscado.

Buscadores há sobre rodas, bípedes, voadores em máquinas, comedores doutros seres. Há sim. Há o dito, cravado já na fronte, fonte de rimar. Cravada e frondosa é a fonte. Jardins há em todo o reino terrestre. Caminhantes, rodantes, voadores, homens há.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Prólogo e prelúdios.

Aos montes e visões, em estrito senso, pode-se dedicar uma fala. Ouve-se Maria João no mundo. Segue-se logo ali, mesmo dentro do parágrafo, em rumo à cozinha. Ao cozinhar! Ao ouvir intervala-se, inter vagueia-se, devaneiam-se ações com mais e menos atenção. É fluxo. Cantar-se-á em breve outro presente.

Recebida a encomenda. Dá-se a janta. Em momento de fogo, em um nunca brando pontua-se aos pequenos passos, traços, corruptelas, súbitos, em vésperas, em noite dos santos óleos, endoenças, em um dia antes de ser o lava-pés futuro amanhecente. Far-se-á farsa verdadeira, intromissão em casa do alheio com dever de entregar comida e canção.

Antes mesmo do correr do acontecer há repouso. É de precisão agir para permitir o descanso do alimento. Cozedor por igual, já em adornos, quer acreditar possível seguir a distâncias e, então, na verdade do encontro, reler estas notas. Ousadia é plano. No devir, no breve, o instante reveste-se de seu nome próprio e instala-se.

domingo, 17 de abril de 2011

Lá vai memória.

Procura-se documentarista. Antes que seja tarde é preciso por a rodar a historieta. O homem chega à casa ávido por avidez. Em xícara pequena toma dois goles. Canta. Está em vigília. Prepara-se para semana santa. Vem de inventos e cantos. Entre pessoas realizou façanhas. Com elas foi feito. Em si, sente o homem, imprime-se o traço duro, o macio, o bege e o blues. Caminha-se entre as palavras, como dantes na música, como outrora e no demais futuro, no fazer dos afazeres. Há pessoas em contato na noite profunda. Todas elas estão.

Belas palavras – diz o tampinha. Nem exclama. Sussurra em seu porte pouco. Tem fome. Tem sede de vinho. Dá-se o que tem. Tem tudo. Pensa sobre o doutro tempo, o dito antigo, que retorna em nome. Tem, ainda, uma fala confusa. Mesmo assim rabisca em papéis quadriculados e mantém diários virtuais. Avó ensinou-lhe importância de jejum para o aprendizado. Fez um único, o do ensino. Foi antes de sua primeira leitura em voz alta, em público. Agora relembra tanto o acontecido no longínquo quanto o grito. Tudo acontece. E toca o tudo, o que se repete.

Confluências são belas – diz o homem, em início de repouso. Foi preciso caminhar muito antes de assentar aqui e pronunciar. É necessário comer muito para estar a seguir na lida de madrugar. Poucas são já as forças. As falas recortadas curtas são pequenos raios. Convergem para um centro móvel. Buzinas e motores à explosão sonorizam, tanto quanto o resto do som. Música é entre as possíveis possibilidades. Vive-se em prece e pecado. Pecado é prece. O momento explode. Quando vira amanhã o presente deságua, desanda, esfarela, esfacela, escapa.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Caminho.

Nada resta na noite. Ecoa canção estudada. É um princípio de estudos. Palavras residem em cadernos, álbuns e livros residentes na casa. Aprende-se em lentidão. Tudo é afazer. Preparar comida, abrir valas em quintais alagados, dedilhar instrumentos, convergir entendimentos a locais de encontros telepáticos. Escrever sem sujeito, sem verbo e em abuso de elipses, é permitido. A métrica incrementa a prosa e decreta estado de salto.

Notas restam na noite. Repousam tomadas em papéis. É necessário retirar-se para os sonhos. Se em futuro residir, nele ser é sonho. Em futuro o ser é sonho. Voos são permitidos na noite. O feito não é pequeno. Sabe-se histórias, tem-se desejos, cria-se coisas, joga-se fora coisas, inventa-se coisas.  Dias carecem de construção. Artistas, por ora, vão ao descanso. Querem imaginar. Querem vislumbrar o dentro escuro.

Noite resta em manhã de memória. Ensinamentos e perguntas d'outro tempo persistem. Permeiam sabores do agora. Pretende-se seguir na direção dos outros. Pretende-se, em afazeres musicais, culinários, poéticos, tresloucados, tocar gentes desconhecidas. É instante de fabricação de plano. Vive-se em antes do começo. É necessário estudar, perceber motivos ocultos. Livrar-se e observar-se a ser são as tarefas perenes. 
 

sábado, 9 de abril de 2011

Melado.

Dia de oxalá senhor açúcar é hoje. Desde antes do contar já era. O comedor em êxtase come. Mais é mais e mais e mais é desejo sem fim. Diminuir, sabe-se, é o melhor. Aumenta-se. Não se é capaz ainda de evitar no total. Há também diminuição. Coisas mudam-se para o invisível. É no sempre. Não! Não se é ainda capaz para nada.

Mais uma colherada é apertada na boca. Na bocarra eloquente nasce a descrição da coisa. Nem é necessário qualquer verdade. Tomar medidas é preciso. De bom tom revela-se o conhecimento de tamanhos. Intervalos, trastes, tons, palmas, flâmulas a queimar são as coisas partes da noite ininterrupta. O parágrafo acaba no topo.

Dia outro é quando sempre se está no fim. Nas sombras de uma manhã também se pode viver. À espera de mais tarde se é capaz de ficar. Come-se antes e depois de tudo acontecer. O palavrório é afetado por cheia a vir em breve. A crescente segue seu curso. Será possível, afirma-se, pergunta-se, formula-se. Não há, no agora, o saber.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Trecho sem nome.

Chega à casa. Confere as sensações. Há um tremor no centro do peito. Se é medo, se é paixão, se é presença de sentimento alheio, não descobre. Deixa-se massagear por água fria. Veste-se com panos macios. Escolhe música amorosa. Escolhe vinho tinto, seco. Corta, recorta, lava, tosta, tempera, deixa em fogo. O tremor segue, qual obra de quebranto.

Querem saber de uma coisa? Vou contar. Vou sim. Esta personagem é esquisita. Parece existir qual espectro. Desenha-se, somente em traços, na imaginação do narrador. Brinca de ter perfil. Finge ter história, fundo, inconsciente oculto, impulsos e tons. Todavia nada diz. Pouco respira. Não se enfia na vida e, apesar, não morre. Treme em canto.

Música russa, taças e taças, risoto apimentado, meia luz e coisas outras, em lista exaustiva, comparecem à noite. Ao todo, no dentro e fora, dirige-se a atenção do sujeito, o oculto. Enfrenta-se. Ao contar-se busca pacificação. Medita o transitório, o finito, o sentido desconhecido do seguir em direção a qualquer parte. Teme o tremor. Teme perder o encanto.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Elipse.

Dias e seus volumes comparecem, em palavras, à página branca sobre o fundo azulado. O desejo de escrita, registro, existência além do momento, enche os fatos de sentido. O real afigura-se fantástico. O dia, claro e singelo, quer existir qual capítulo de grande história. Como chegar ao intento? Como atingir o invisível alvo?

Logo depois do terremoto, o grande, a personagem chega à janela. Incêndios próximos e distantes são as fontes da luz. Não há falas. Os olhos não se movem. Atentam ao edifício em obras, intacto. Em meio aos desmoronados apresenta-se em seus muitos patamares abertos. Resta feito memória de um momento perdido, de um futuro que não virá.

Como será o próximo instante? Sobre tanto nada se sabe. Perguntas e angústias sucedem-se em busca de entendimento. A fala quer desenhar uma trilha. A memória quer tornar-se um mapa. Entretanto, as imagens desaparecem, as lâmpadas apagam-se e o passado vira sonho. Às cerimônias do fim, ao que parece, faltarão os tempos.

quarta-feira, 16 de março de 2011

O caldeirão e o poço.

Moléculas, pedaços, ondas, coisas tantas misturadas, dissolvidas umas em outras, partes invisíveis de seres presentes fervem no caldeirão. Veio, o tudo, do poço. De profundezas, de desconhecido, de fim, de invisível todo, veio.

Acrescenta açúcar. Acrescenta sal. Acrescenta uma erva. Mexe. Pita umas pitadas. Volta ao poço, volta ao fundo. Funda um olhar infindo. Finda em rima funda. O mundo, em vezes, é imundo, é fosso. É isto. É lá no poço. É por lá o caminho, o veio.

Que mais? Dizer é pouco. O poço é muito. O caldeirão é parco. Treme o todo. Essências exalam perfumes. Essências manifestam. Verdades, dúvidas, troças, piadas espalham-se em curtas explosões. Tudo retorna ao fundo, ao donde veio, ao poço.

terça-feira, 8 de março de 2011

Pausa.

Graças à música é necessário pronunciar. Não fosse a dita haveria o intransponível. Qual corda, cinto, amarra, asa, trilho, rota, ar e etéreo está posto o som. Agarra-se o homem, quando assustado. O mundo clareia no imediato acorde, o um. Permanece pendurado em pautas e garranchos. Anseia descobrir segredos advindos de cantigas. Fica em calma.

É necessário cumprir uma tarefa. É preciso fazer um caminho. Uma machucadura precisa de cuidados. Homem vê sujeira à sua volta. Conhece sujidade em si. Percorre trechos e comete os erros. Recolhe-se, faminto, em cada noitada. Mastiga e mitiga o ego. Quer largar-se em mundo grande e viver entre os livres. Onde moram os livres?

Livra-se de venenos. Manda a esgotos fontes de alucinação. Quer clareza. O constrangimento é grande. Banha-se em água gelada. Veste-se. Calça-se. Coça-se. Vai às ruas cantarolar. Seu destino é nenhum. Deseja ver a cidade. Deseja percorrê-la sentado em bondes e em pernadas. Quer parceiros. Quer aprender a encontrar.

domingo, 6 de março de 2011

Passeio.

Há dias em repouso está Trump. Lio nem veio a sua procura. O silêncio entre os dois traz profundezas nos estudos musicais. Em súbito, decide sair. Ouve antes um som intenso. As vibrações advindas de uma orquestra perpassam momento. Quer espaço para guardar canções. Vai procurar em ruas e ventos. Vai a procura de ar.

O chuvisco sugere passeio de ônibus. Percorre sentado, escorado, pendurado, parado em intervalos, estações, terminais, um trecho, umas horas. Salta ainda com necessidade de muitos passos. Caminha festivo e solene. Retorna ao abrigo e canta. Dorme à margem da janela. Acorda muitas vezes. As nuvens transitam em veios de ventos fortes.

A terra treme em sonho – lembra-se. Cogita caminho. Cada entardecer anuncia. Sabe-se lá o que anuncia. Sabe-se lá. O fio do pensamento é infinito e percorre dimensões. Os pedaços da história, parcos, mal conseguem juntar-se. Homem em amores é tema difuso. Seres em contato é assunto a morar mais perto. Seguirei – exclama.

sábado, 5 de março de 2011

Salvar sábado.

Um pressuposto é a verdade, em seu existir qual verdade, a existir. A ação exigida aos homens é o encontro com outros. Escolher corpo, tribo e caminho é afazer eterno. Um poema é escrito em modo obtuso. Este é o escrito oculto de si. Escrevente ignora meandros. Desconhece fábula e fracassa. Não versos, blocos, são versos ou não?

É preciso estar em cuidados perenes. Não se pode parar. O amor exige recompensas. A música graceja em admoestação. Canta! Canta! Canta! Esperança do poeta cantador vem à tona. Memória é quarto escuro atraente. Movimentos precisam ser feitos. Rimar é assunto de afeto. Posta a passagem das horas, acontecimentos escapolem do entendimento.

Prevalece o dia em ameaça de noite. O claro é grande. Brilham ali e acolá lembrancinhas de dourado. O entorno forte é prata e negro. Há branco e profundos tons sem nome. O todo vai transtornado pelo giro terreno. Escurece a pouco e pouco. A ilusão do tempo é exibida. O homem decide-se pelo canto. Todos momentos findos, quando juntos, dão em infinito.

Vestido de noite.

Começa sem rumo. A prosa é tremenda. Na terceira via advém pausa. E é só a primeira. A noite importa. Sugere em chuvisco. Luzes há bastantes. Música é da boa. Tem a comida. Tem o abrigo. Tem dádivas tantas. Decidido vai homem. Vestido é de flores e estrelas. O fundo é preto. Chapéu encerra o japonês. Dança em gestos. O teatro é de sombras.

Maníaco salta a linha. Encerra trecho contido. Inaugura um tom acima. Logo canta um tanto. Come arroz estranho. A trilha vira Mestre Waltel. É pela Orquestra à Base de Sopro. Quem pode imaginar? Quem enxerga em olhos fechados? Quem pergunta? Quem conhece o som? Pensa nos homens lembradores das peças todas. Pensa. Teme o tremor. Teme o sentido.

Entre os escritos encontra um diário. Dele lê parte. Preparatório é qualquer dia. Homem atravessa décadas e cidades. O registro do íntimo é tarefa. É modo de conhecimento. As histórias não contadas ocupam espaço em memória. É necessário mandá-las para fora. Dar-se a conhecer é preciso. Qual é, homens dentro do homem, aquele a ser visto?

quarta-feira, 2 de março de 2011

Processo.

Começa sem título. É depoimento. Sempre é. A métrica nasce. É movimento. É encher. Nome é processo. Salta-se em transe. É pito. Momentâneo é. Viver-se é possível. Homem é.

Se é noite, prepara-se para delirar. Quem é o sonhador? Pode um leitor afoito perguntar. Pode um ouvinte ficar confuso. As circunstâncias tornam-se inexplicáveis. Há um convite.

Sob efeito é como está o homem. Está ligado a aparelhos. Seu delírio é percebido. As imagens de seu espírito alegre e atormentado são criptografadas. Há música elétrica.

Desiste de tudo a todo e cada instantâneo instante. Olha com ternura e respeito a todas e a cada uma das coisas sonhadas. Paredes deixar e sair a passeio é necessário. Vai!

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Encontrar ar.

Entre os afazeres perde-se a personagem. Dedica-se pouco aqui, pouco acolá, a coisa e outra e outra. Não se encontrar é sentimento reiterado. As mentiras emitidas por espelhos são suas crenças. Nelas confia sempre e em momentos. Vivente em sensação de corpos sobrepostos, qual em ilustração mística, percebe-se. Em descrições do etéreo e de etéreos vaga sua palavra. Canta em cotidiano. Busca, em emoção de urgência, o entendimento do ritmo. Busca plenitude.

Caminha pela casa. Planeja um quarto. Inventa interromper o ininterrupto. Quer todas as imagens pregadas em todas as paredes. Diz que fará isto um dia em futuro. Arranha-se enquanto anseia uma transformação longínqua, sonhada. Aponta o dedo ao nariz. Está colado ao espelho gigante. Pronuncia reprimenda, em grave. Coisa toca fundo falso e os cada vez menos falsos, em camadas, em escavação. Cogita sonda de espaço, penetrante, a buscar mundo em além.

Narciso existir em alma é condição. Desentender-se acontece sempre. Coisa primeira faz acontecer segunda ou próxima ou ao contrário, quando em assuntos de números negativos e uns outros. É da infância. É dá infância. É antigo demais. É destas travas velhas, tratadas sem azeite, interrompendo caminhos com tramelas. Nesta altura o parágrafo está perdido. Decomposto em temas serviria de ementa. Ora o desconsolo parece aumentar, ora o reconforto parece próximo. É hora de ir.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Em breve o 6725.

Sentado, em margem, em porto, em beira, está o homem. É quando cogita conferência. Faz lista de temas, escolhe nome de autor, senta-se. O assento é no defronte ao espelho. Ouve-se vozes diversas, em idiomas ocultos à compreensão do andante. O som é marcado, compassado, comprimido entre as paredes de vidro da sala de embarque. A liberdade é para voar. Uma cabine macia é o necessário, o cárcere.

Experimenta expor-se a raios luminosos diversos. Luzes, câmera e ação são as pronunciadas, em mente. A ideia é tentar descrever, reproduzir o som, carregar a lembrança e os pavores de cada instante. Conhecer os rumos do próprio entendimento é dever do homem. Nada sabe. Disfarce de conhecedor usa em vezes. Faz umas vozes. Cobre a cabeça. Esquece o tirar do chapéu em lugar com teto. Desconstrói ademais.

A emoção é recurso humano. É delícia permitida. É gozo discreto. Postar-se em canto de veículo gigante é possível. Os governos constroem portos. Viajantes constroem trajetos. Todos a um tempo movem-se sobre o planeta movente. Os governos ensinam necessidade de conhecimento. Os voantes procuram saber em distância. A pacificação é destino irrecusável. O descanso, ao que dizem, em um súbito vira eterno.

Coisas do destino.

Então quase amanhece. A moça chega à casa. Traz a bolsa e, nela, partes pequenas muitas, partes doutras roupas. Diversas roupas, essas, serão daquelas, as deixadas na rua. Entendeu? Ao sair de casa ela carrega muitas roupas. Deixa-as penduradas, entregues, prontas a serem tomadas por quem as quisesse. Depois encontra o dadivoso belo. Ele devolve dons.

Vejamos. É quase manhã. Não é permitido dormir. O jogo é seguir jogando. Sabe-se lá se a descrição ficou boa. Tanto faz. É carnaval. É quase possível. As dores existem, todavia. Qual idiomas, raças e formas de pensar, existem, são muitas, são muitas elas, as dores, e as possibilidades. Chega-se a estranhos, a novos e a plenos – momentos.

Então tá! Está dito. Tem sido dito. É fato. Como um sambinha. Como arroz e outros seres. Percebo que existo quando falo. O pensamento é o broto da fala. A honestidade, a busca do verdadeiro, o desejo de transgredir e transformar, as listas e várias outras tolices existem. O nome do dizente é Trump. Segue por aí, movente, aéreo, perfumoso. Entendeu?

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Em dissipação.

De anônimo vêm perguntas. Primeiro: nova espécie de egoísmo querer ser todas as pessoas? Depois, passada uma hora, a segunda: ou apenas auto suficiência? Comenta crônica construída em banho. Faz efeito o perguntar de tal criatura. O falante medita. Quer explicar a impressão de espelhar-se na mãe em cuidados de casa e corpo, no pai quando em trabalho público, em filhos quando envolvido em inventos e amores. Quer ainda contar sentir-se menino em momentos, velhinho noutros, invisível em raros.

Isto posto, homem procura assunto, mãos em bolsos, pés desenhando círculos, olhar ao chão. Decide ouvir cantores. Pensamento percorre sentidos, apreende a solidão, revela remorsos, resquícios e canseiras. Aprofunda o entendimento das personagens. Cada qual é aspecto da alma. Manifestam caminhos perceptivos. Não encontra nome para o que grita. Sabe haver dor e perigo de dor. Sabe da necessidade de cuidados quando em buscas por pacificação. Sabe que muitas vezes se erra, muitas vezes se rega, muitas outras se arranca.

Belo parágrafo!

Nem que eu fosse a porra do cara indestrutível seria indestrutível a porra da vida. Sei. Tá bom porra. Falo muito de mim. Esta porra aí do jeito certo de dizer, do jeito certo de olhar, da porra do jeito de olhar da pessoa assombrada com a porra da merda da discórdia que impera na porra do mundo, é foda. Entendeu, meu? Entendeu? Não quero, meu. Não quero. A porra da discórdia não dá mais, meu. Não bebo mais a porra da discórdia.

Não sou minha mãe. Não sou meu pai. Venho deles. Existo neles e noutros. Existo. Quando capaz de libertar o amor residente em mim, ele, o amor, é enviado a todos. Todos são todos, é todo mundo, sem exceção. Detestar conflito é estar em conflito. Detestar é conflituar. Certo, sei, estou obrigado à porra do entendimento disto, o que pode ser dito. E este aperto? Este aqui na porra do lugar, na porra do coração, o que para um dia, no peito.

Bela é a existência dos parágrafos. Belo é este parágrafo. Explico. Recolho. Retiro. É isto! Queria não ter dito. Queria não saber. Queria duvidar. Queria a porra do final feliz. Deu-se o meio. Deu-se um conforto estranho. Deu sensação de saber coisas acerca doutras coisas. Foi tudo mentira. Um dia revelou-se o verdadeiro quadro. O homem, quando afrontado, olha para o nada. Veja: o homem está a dizer: por favor, veja! Veja: este nada.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

O senhor é artista.

Tarde plena é a da revelação. Abertas todas as janelas, como fora determinado, a luz invadiu os espaços. Sol é o absoluto. Dadas estão as condições para o estabelecimento de algo. Um novo movimento, talvez um movimento propiciatório doutros. Sinalizada está a possibilidade de pouso. O narrador, ocupado em inventar andarilho, confunde-se. Está prestes a autobiografar à moda do ego explícito.

Assim percebido, à luz crepuscular, ao som de som da moda, da moda antiga, o mundo indica estar às portas. Uma viagem está próxima. Já vive, marcada em papéis, assentada em números, cadeiras , portas, câmbios. O embarque parece inevitável. Sabe-se lá, diz a razão, incrédula em sinais de eternidade. Pode desaparecer qualquer futuro. Por enquanto o viajante está recolhido a seus aposentos.

Mesmo quando em passeio o sentimento é de estar dentro. O peito resta contido. Olhos ocupam-se muito do chão. Há vertigens e arrepios vindos dos cheiros outros, dos outros. O imaginado, o conversado em si, o sonhado e sussurrado em esquinas, em constrangimentos, em vocalizes entoados, e outros feitos do homem, sobram nas ruas. Não há, por enquanto, claridade na ideia. Persiste o redondo.

Voltear.

Uma vez encontrar Lio e Trump, ladeando-se em conforto de caminho. Dessas existências não há esquecer possível. Mostram-se sagrados monstros. Imaginados vão a passeio para distantes terras. Vão a lugar para ver. Largam trechos de suas histórias, nos pousos, repousos e cantos. Contam planos de chegar a fronteiras. Vê-se o par humano movente. É tocante o acontecimento percebido no perto.

Um está nos tempos de agir com leveza e vagar. Outro, conquanto doce e leve, carece de praticar velocidades e volumes. Homens, ressentem-se se obrigados a estarem solitários. Homens, querem também amplitudes. Caminhar quase próximos é o mais certo. Dar e tomar espaço em encontro. Procurar meios de contagiar alegrias e afetos. Muitas missões têm os camaradas venturosos. Meditam juntos em movimento.

Uma descrição em cabeças, troncos, cores, olhos, membros não surge das mãos. Tremores impedem as personagens. Liberdade é desejo. Andarilho em pouso, encantador em temporada, seguem juntos no momentâneo. Pronunciam versos e cantigas. Mal se conversam nos encontros festivos. Olham-se, abraçam-se, entoam dizeres e partem, logo, depois de adeus. Quem puder vê-los, em relance ou fantasmagoria, terá entendido, quiçá compartilhado, esta emoção.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Filme.

Nas certas noites tristonhas a vida prossegue. Qual em festivas, fúnebres, chatas e esquecidas, noites, está-se obrigado a seguir respirando. Fôssemos sempre jovens, tal questão não viria à baila. Seria fato e só, sem legenda, nota, distância.

É tudo fruto de imaginação, luzes e sombras, claros e escuros. Misterioso, o tema, apresenta-se. A medida, a quantia de espaço, já se sabe. Naqueles minutos os fantasmas exibem seus corpos e assuntos. Personagens matam e matam-se.

Aparece na tela uma tigresa, uma atriz. Manda mensagem de distâncias, sonhos, festejos e mortes. Tocado coração de homem fica em aperto. Há os encontros, o passado, os longos cabelos. Tudo circula em memória. Tudo é no sempre.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Coragem, homem, coragem.

No princípio é o vazio. Logo vem água e nela vem o frio. Tremores e pressões, arrepios, excitação e delírio, em conjunto abstrato, em construto, existem. No meio é o cheio. Do muito dito, do tanto a ser no depois proferido, pouco decerto é aberto ao entendimento.

Procura-se aqui nesta escrivania o exercício. A busca é de expressão. O prêmio é ouvir sinais da existência da comunicação. Todavia não há maneira diferente de narrar senão aquela, a do narrador. Dissimulado, enganador, desconfiado são alguns dos traços da figura.

A situação nesta prosa começa a ficar delicada. Melhor é procurar algum conforto. Melhor é saltar linha. Enlouqueça, oras! Foi o dito pelo curador. É para deixar de lado a razão cerceadora. É para libertar. Formas? Muitas maneiras há de imaginar o mundo.

Escolher é o ofício do homem, é ofício de homem. Deixar as palavras tomarem posse das mãos e segui-las: flores vêm em primeiro plano, no plano divino, no plano. As canções embalam nas noites. Em certas partes das casas sente-se sono.

Pode-se mudar de lado, rearranjar os desarranjos e sonhar, sempre sonhar, sonhar viver para sempre, sempre a sonhar. Pode-se de fato acreditar, leitor amigo, em sua existência. Pois é isto, leitor, o leitor existe. E as histórias ocultas ficam por aí, rondando, querendo direito de existir.

Quando a fala encontrará o ouvido justo? Quando será o fim da dúvida? Melhor deixar das perguntas juvenis. Melhor acreditar no acontecimento, no presente, no fato. A prosseguir em solilóquios as personagens pegam cores de outras, cores do narrador, cores dos lugares das ações.

Temos o verde, o prata, o gris, vermelhos de tintas, sob céu de azul oculto. Amarelas são muitas coisas na casa. Aos poucos a história imaginada derrete. Sobram nós. Agarrados, acabrunhados, os trechos do homem, do descrito, escondem-se. Pronunciam, por médium, mensagens cifradas.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O banho da princesa.

A água é cor de água. Lava-se a prisioneira em corpo. Banha-se do invisível. Seu nome marcado é Trump. Na verdade do ser percorre trechos de mundo e para. Solavancos há só em pequenos desníveis nos trilhos, poucos.

Quando se banha, o cara toca na tal princesa, vez por outra. Em outros momentos toca em príncipe também. Concebe até dentro de si menino e velhinho. Mas, em água, a fêmea desejosa brota. Os óleos perfumam. Enfeita-se para algoz.

Noite e outra noite e na próxima há banhos. O homem percorre-se com mãos. Faz qual mulheres. Quer transgredir-se, transmigrar-se e ver-se em estado diverso. Quer percorrer trecho em companhia de jovem parceiro. A viagem é por narrativa musical.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Briga.

Começo é pelo fim. Proposto está o armistício. Uiva-se em quase terror. O susto advém de censura. Qual sempre em vivências sob império de veto, dor invade peito. Costas viradas em alforges contam estarem vários, homens dentro do homem, em contenda. É romanesco o espírito. Houve amores, no curso. Do estado alterado da paixão não há memória. Resta o sumo, o amaro, do desgosto.

O meio da história é aberto. Enveredar é em direções. Perder-se é entrar no oculto. Permanecer em lá e cá é dever. Ao saber é preciso seguir. Ao ignorar é preciso chegar. Precioso é o curso percorrido. Um desejo é descoberto. É um reclame do mundo do sonho.

No espaço há as substâncias formadoras do homem. Interpenetrados seres: bom nome! Há convicção. O autor está perdido, percebe? Olha para figuras recostadas em paredes. Ouve-se Lou Reed. No momento seguinte qual será o sucesso?

Voltar, voltar, voltar a todos os momentos possíveis. Memoriar o tudo acontecido. Falar só em presente e infinitivo. Preciso é seguir ao sabor. Coragem é preciso. Enfrentamento é no real. As ruas vão cheias de seres atraídos, magnetizados pela terra.

Chega-se ao fim dos princípios. Antes da paz há desmoronamento. Desquites os antes parceiros retiram-se para distâncias. Diversos são os destinos de amores destroçados. Este é desconhecido. O narrador perde a ponta de novelo, no andar por aí. Fica ao largo, em chuvarada, buscando saída da tristeza. A dita invadiu a casa, sorrateira, disfarçada de gozo.


domingo, 6 de fevereiro de 2011

Dizeres.

A verdade é a busca. Quando é noite ouve-se música. Violões e sopros e tambores e tantos tocam. A alegria reside na música. Na próxima curva, vírgula, uma sombra está em pose de espera. É um vulto. Tudo, e um qualquer isto momentâneo, pode acabar. Verdadeira é a morte, quando acontece. Verdadeiro é viver. Estes são os do filósofo. Entende?

De fato, de fato, fato é fato. A música é motivo de assombro maior, elevado. Sua existência desentendida provoca entendimento. O completo parece presente e possível em música, música, música. Um violão, uma flauta, dois humanos, sons gravados, presenças telepáticas, ondas, seres ocupados em ser. E isto, perceba-se, existe no real, no duro.

É verdade. Apresentações podem acontecer. Trump é o nome do que passa ao largo vigiando. É herdeiro de honras, palavras, trejeitos, tremores, notas, acordes, cabelos. É invento, fruto de procriação, é feito de homem. Persona em palavra. Assombro é o tema, o que volta. No futuro saber-se-á como agora tudo acontece, aconteceu, ai, ai, ai...

Um raro, um quarto, um puxado, um parágrafo é ainda preciso. Mais um cheio, outro, com mais e mais ditos arcaicos novos. Lio é o outro cara. É amado, companheiro em andança. Surpresas existem no mundo em término. Os começos, de fato, não desistem de existir. Nem mais se espante, leitor amigo. É mesmo assim. É desplante.


sábado, 5 de fevereiro de 2011

Trump volta.

É em verão. É necessário explicar coisas. O derretimento dos polos, a mudança do eixo planetário, as previsões e o mais seguem ocupando o tempo e o pensamento. É de se dar por finda uma passagem e estabelecer parada. Uma bebida, refresco, é de bom tom. O lugar, o achado, é torre pequena em metrópole. Dada a chuva, a noite é suave.

Pensado, o mundo fica firme. É possível nem lembrar translação, rotação, chuva ácida e placas tectônicas. É capaz o homem. Capaz de seguir valorosamente. Vai em direção íntima. Acolhe substratos diversos, fumaças, ácidos, doses. Abre-se, desprotege-se, veste-se para sair. Cabelos e extravagâncias outras são expostos pelas ruas.

Sei muito bem – diz o homem. Nada do dito é coisa de compreender. Não se sabe, no exato, um sequer motivo para seguir no afirmar. É permitida a descrição de estados d'alma, das dúvidas perenes, da incerteza completa e de muitas trilhas de evasão. O retorno de Trump à casa é um milagre. Vem da força do personagem. Vem do desejo de existir.

Elegância e fel.

Ordem. As palavras, jorrando, vindas do dentro amargo, do estranho, do confuso, querem o suave. Os músculos desarranjados, em desacordo com ossos, procuram o jeito, o disfarce, a parecência de beleza. Calma de lago guarda o sono do assustado. É denso, o momento, muito.

Força. Dez são os dedos. Uma é língua. Dois olhos existem. Canais são orelhas. Dentes não contados moram na boca. O ar passa por nariz esburacado. O pensamento parece estar no dentro da cabeça. Aprisionada segue a alma. O bicho move-se. Dança.

Pausa. Viver é urgência. Não há distração possível. O contato do homem com mundo e mundos não para. O vento adentra o claustro. O prata e o vento adentram o corpo humano do homem. Há o acontecimento. Viver em possível, é possível, em tarde herética.