domingo, 29 de maio de 2011

Presente.

Estou. Mesmo em turbante, esqueço. Há tarefas. Há fazeres. Quero contar. Todavia esqueço. Decerto lembro, em partes. Braços vão fracos. Abraço. Solavancos entre palavras acontecem. A fala é recortada por movimentos feitos com alarde, ou silentes. O pensamento é recortado. Observa-se o fim de cada princípio. É um esvazio. Onde estou?

Sou. Em avental, paro. Vejo o sujo por tudo. Vejo o limpar. Limpo. No meio, estaco em palavra. Falar é de precisão. Rola música de indiano e brasileiros. Vivo em verdade cada dito. Se não bem explico é por fraqueza. Misturo ideias. Penso em tranças. Amarro firme os cabelos. Os fios tensos indicam caminhos completos. Estrada ou riacho, nascente ou vereda, o que sou?

Vou. Em cárcere, livro-me. É em sonho, canção, cozido e flor e mais. Temor maior é o do eterno. Nele vivo, ora circunspecto, ora saltitante. Lavo no frio. Tomo o sol. Retorno à cela em início de crise. É precisão de alimento. Cozinha! É o dito em toda parte. Obedeço e lavo e seco e invento. Cigarra e formiga, juntinhas, dançam a arrumação. Em voo, vou?

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Salto.

Onde vamos parar? Arte é pergunta. É no meio do livro. É presente. Sabe. Insiste. Homem volta-se ao centro. Espalha pertences. Doa. Junta, em aposento a ser esvaziado, seus papéis. Quer separá-los por cor, tamanho, função, importância, sentido. Para tanto deve manter-se no antes estúdio. É difícil. Lê trechos de cadernos. Dias e notas de diários saltam ante olhos. Segue, em busca de resposta. Confessa-se.

Bateu! Arte é afirmação. Sim. Homem vai transtornado. Entrega-se às coisas, às substâncias. É dia de pito e nabo. Pita. Ouve canções. Rascunha um trecho. Segue em direção aos seres, aos alimentos vivos. Cozinha. Cebolas, fogo, óleo, nabo, açafrão e anis, em horas e jeitos, viram janta. Todas as coisas citadas, e outras esquecidas, giram dentro do cozinheiro comensal. Falta pouco para estar tudo certo. Não duvida.

Esbraveja! Esbraveja? Arte é palco. Personagem alcança destino. Alma em aperto anseia canto. Canta e saltita em sala, em canto. Sabe. De sobriedade resulta alegria. Todavia, arranjos faltam. Compreensão, tolerância, gentileza faltam. A cidade está com alma em frangalhos. Nela humanos transitam um tanto. Amedrontados, por vezes, seguem. É terra de teima, de errância. Acontecimentos transcorrem em cena, em abstrato.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Um sem título.

Ei! Emoção, emoção, emoção, onde oculta está? Quer saber o homem. Alquebrado qual menino em perdas primeiras. Brinquedo quebrado, morto conhecido, dente de leite caído, cada evento dói no adulto. Assim pensa. Em solilóquio defende-se e acusa-se. Santo, predador, promíscuo, belo, bruto, asqueroso, doce e por diante aponta-se afrontando o espelho. Em momento, chora. Águas, grandes águas, escorrem. No choro desenha moldura. Ali vê sonho seu. Escorrega em barranco. Aproxima-se da enxurrada e teme, mas não pode parar. No segundo seguinte é tragado por águas. Acorda em pânico. Segue assombrado dia adentro. Na noite inventa colocar todas as coisas nos lugares das coisas. Começa contando emoção. É tremor em peito apertado. Faz para fazer passar o mal. Lava, cozinha, esfrega, carrega, canta, come, guarda, escolhe, descreve movimentos e, desgovernado, observa-se. Conta música das antigas correndo ao fundo, ao sobre, ao dentro, ao largo e ao todo. Conta muito. Emoção, no geral, vem de encontro em lembrança, ou desencontro. Música deixa marca. O vivido é junto do antes vivido. Cordas foram tocadas, pouco antes de fatalidade. Personagem rememora a destruição do instrumento. Pequeno restou partido em dois. Apaixonado, incapaz de mencionar seu nome, segue enlutado. A historieta encosta-se em confissão. Melhor tomar providências. Saltar, saltar, saltar...


sábado, 14 de maio de 2011

Eterno.

O monstro.

Título é ser transformado. Alarme e música em conversação. É em rua plena. Titular é sua ancestralidade. Anuncia em rede, em suposto pseudo, em qualquer disfarce.

Língua é afiada. Dedos pedem unguentos. Todos ganham beleza. A resolução do completo, do decidido, do nobre e elevado decerto vem. Que mais virá?

Título descreve-se a dizer sou, por começo. Por ser sou. É por desmotivo. Oculta-se. Recluso canta. Quando noite luminosa, quando nublada, em qualquer quando. Canta.

Nada se explica. Título pensa. Confunde-se. Entoa baixo, cantante. Noite reside na noite. Título conhece. Sairá por aí. Vai à caça. Antes apaga luzes. Sonhará decerto.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Onda.

Cabelo, tronco e membros.

Faca afiada pouco. Cabeça feita com laço forte. Descrições de ligeireza são de valor. Homem senhor percorre-se. Domínios seus visitados são. Cada trecho é capilar. Começos são infindos. Sonhos entorpecem. Será possível pergunta.

Noite é aterrador em vezes. Música é remédio. Em ardores e verves, em voz, é o caminho. Falta não falta. Nada é preciso. Invento em ritmo é dever. Olho olha. Mão toca. Cheira e faz cheiro o sentidor. Canta-se, versa-se, volteia, vilipendia.

Nova é canção. Armados dedos em calos movem-se. Coisas estão tomando seus lugares. O quarto com palco, o palco e outros palcos, os camarins abertos e os trajes vão expostos, são visíveis. O público vai boquiaberto, em braços abraçados, em asas, em pernas. 

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Daqui.

Muito é sabido. Coisas vão presas em paredes, a mover-se por giro terrestre. Descrever o mundano vem a calhar. As palavras procuram sentidos. O som quase basta, é certo. O ignorado chega à luz. Já é conhecido o início do parágrafo, trecho vivido. Movimento é dever.

A entrada é pelo palco. O risco é súbito, estabelecido. Vaidade percorre a sala. Carrega objetos. Usa retratos para forrar mesa. Extrapola entendimento. A intenção de entregar-se à música deve ser confessada, em gestos brandos. Há dança. É na lenta.

Métrica discursa. Melodias tomam a noite. As luzes de cena são o movimento em cena. Em dado, em momento, o falatório beira estridências. Em rumo de silêncio, canta-se. Dança é suave. Há impressão de algum cansaço. Recolhimento é de precisão.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Sendero.

Dizeres.

É certo. Mesmo em embriagados momentos, o homem prossegue em ouvir ou fazer ou saber da existência da música. Não sei acabar com os ruídos, não sei o que fazer, eles tocam e a gente física só ouve o tocado, não sei, não sei, não sei como entregar-me – diz o homem, em arriscada noite alegre.

Salta parágrafo, Na madrugada, para safar-se, o homem inventa-se. Quer saber-se. Diz em belo modo. É fato. Não há como negar. A música, pasme-se, vem do rádio, em sintonia mal resolvida, aparelho das antigas, bêbedo operando, incapaz de melhorar a condição do ruído. Deus salve américa minúscula e verdadeira.

Música é sempre milenar. Isto porque história é assunto tocado em milênios. É noite. O fato é que, de fato, neste ato, o homem personagem está em pé, no centro do palco, sob luz noturna, notívaga luz azul, tocante, de braços abertos – esta é a posição do ator – e entoa. Sua cantilena é doce, breve, estreita.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Encontros.

Caminhos se estreitam. Vive-se à beira do verdadeiro. Definições buscam lugar em galerias de definições. O viajante não encontra sossego. Bate em portas. Bate em paredes. Segue em direções. Deixa-se ver.

A tristeza é marca do tempo. É prisão de afeto. Para verbo basta o ser. Quando e onde não são coisas de descrever. Importa dizer vento que arrasta. Importa tocar com olhos as ondas. Há dias em tormenta.

Desencontros há. Mais e mais seres seguem assustados. Temem uns aos outros. Histórias de amor, histórias de conquistas, histórias da história ocupam pessoas. Pequeno é o olhar. Palavras faltam ao momento.