terça-feira, 20 de novembro de 2012

Divaga.

Em vaga. Em tarde calorosa derrama-se líquido em copo e em corpo. Mente enfumaçada pilota a função. Procura-se em escrita os ares. O anseio é de voo. Para expressão tem música. Para silenciar tem música.

Em medo da terra. Toca-se coisas colhidas. Violões, chocalhos, árvores, contas, minas, aço e ideias imensas vibram. E enfiar mão lá no dentro de qualquer terra é assombroso. Paradoxos inspiram gestos musicais.

Planta-se, mata-se, em floreiras, em jardins suspensos. O mundo é cheio de coisas suspensas. Tudo, menos o subterrâneo. É imenso o invisível. O lá fora e o lá dentro é um igual, um longínquo. Isto é no antes de tocar.

O disco repete-se. Dias e noites em volumes e vezes, muitas, rodam as fendas, as percorridas pela agulha. Homem inspira música. Come qual verme em terra. Lento e manso vai mastigando. Sonha e pensa e conta e lembra em hora mesma.

Quer ainda por cima querer. Coisas várias deseja além do excesso momentâneo. Embravece e esbraveja e esculhamba. Averba direitos. Ambiciona cômodos e comodidades. É este o homem. Ninguém engana.

domingo, 18 de novembro de 2012

Diurno.

Cor é todas. Claro é tudo. As sombras de pés de cadeiras declaram dia. É pouco o escuro. O oculto vive em disfarce.

É azul e branco. Muitas vezes, muitas tardes em azul e branco, sucedem-se. Mesmo céu azul, na noite, existe.

Louco é o amor. Completo é e produz a lenda. E é assim. Segue encantamento em cânticos em noite plena e invade.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Anoita.

Em negro e flores, visto-me. Logo é o escuro. Nuvens assombram. Ouve-se Jan Garbareck Group. É dureza encontrar-me em música. Precisa leveza demais. Sei lá! Explicar?

Quero fazer todas as coisas e dizer todas as palavras e ouvir todas as notas. Neste anseio preparo-me para passeios. Um percurso em música, na tardinha ainda infinda. E caminhar em depois, noitinha.

Tudo pode. Falar tudo pode. Tudo o que sair pela mão pode ser falado no escrito. Música é excesso de abundância demais. Exclama homem inflamado. Exclama inflamado: homem!

Jogo descarado. Buscar verdade em fendas, frases, é intento. Entendimento e música é junto. O vivo percorre ao som. Depois toca e canta. Faz-se de justo. É justo.

Deveres cumpre-se. Caminha-se para lugares, em direções e por aí. Uns homens recolhem-se. Outros seguem nas ruas. Escuridão está oculta. A qualquer momento pode apagar claridade.

domingo, 11 de novembro de 2012

Instante.

Repete-se o homem. O ar é tudo e é breve. Anda por aí a tomar notas, a tomar coisas. Ouve Shankar. Vai à janela e lá está a cidade exposta. Quer encontrar um jeito. Abre outra lata. Anseia por mais uma dose. Está no futuro. Vive em quando tudo aconteceu. Vive em consequências. Em terceira linha estaca. Caminha pela casa. Deságua excesso. Logo, logo, logo deseja dizer verdade. Pretende seguir. Entrega-se. Escreve.

Concebe outro começo. Seu memorial de começos vê invadido. É um novato a chegar. Apaixona-se de pronto. Percorre trechos ao lado de parceiros. Parceiras encontra em recanto. Há solidão, a dos instrumentos. Música percorre lonjura. É desde o nada. E chega. Guarda-se em artefatos e truques dos ares e coisas. Ouve. Estica-se.

Recomeço escrita. Escapou a pessoa. Mudou-se em outra. Vou ao pretérito. Ainda homem sou. Não nome outro tenho. Não outra sou criatura. Anverso é lado. Nele estou. A narrar o já. Tempos são os findos. São, ao que parece, os próximos da lista. O tudo parece caminhar. Destino é dúvida. É o mistério da história. Quase nada se sabe. Diz-se.

sábado, 10 de novembro de 2012

Volteio.

Turbulência é breve. Saber futuro é estranho. Homem encontra memórias. Repousa a reler. Assombra-se em visita a passado. Conversa com seus múltiplos. Insiste em medir as palavras. Dividi-las e metrificá-las, para esticá-las em trechos. Eis missão, dita.

Ilustra diários. Ausenta-se dos dias. Amontoa-se em canto. Dor tem tamanho. Recomeça a reler. Interrompe-se. Percebe o fim do tempo. Sabe impossível antever. Sabe enganoso lembrar. Romper fronteira em palavra é arte de precisão.

Apresenta-se encarnado. Escreve livro. Tudo é dito. Nada se compreende. Está preso em forma. Acostumou-se a esconder. Deveria contar a verdade. Todavia não a conhece. Seu dizer é oculto em trechos. Seu falar é incompleto. Embriaga-se. É de si.