Eis a
manhã. Eis a tarde. Eis a noite. E o tolo a nomear. Enfado é o
fardo. Horas há de fato. Percebe-se.
Na manhã
faltam braços. Há precisão de carregar. É para trazer comida.
Pode-se fazer por partes. E ver-se.
Em monte
vê-se o homem. Em apocalipse, destrona-se o monte. Abre-se em dois.
Desfaz-se e renasce em clareiras.
Em tarde
já está. O homem é atormentado. Pensa demais. Escreve introito.
Vive em começo. Encavala dedos de pés.
Perde-se
em página. Pernas vibram cansaços. Fraqueza é presente. Dor é na
boca. A verdade é pródiga.
Numerar
não resolve. Nomear não livra. Entender não basta. Escapar não
pode. Gritar não adianta. Viver é vivo.
Da manhã
vêm alimentos. De ontem chegam também. Antes de comer é preciso
existir. Comedor ou comida, tanto faz.
Nas
clareiras, em beira de pico, em precipício, em alturas, em quaisquer
ares, há vida, esta. É tudo muito comprido.
Pode-se
dizer: vastos. Campos, abismos, universos, verdes, versos, quais não?
Partes existem? Há parte?
É
tardinha. Linhas querem percorrer páginas. Cheias de palavras a
contar as ruas cheias de estranhos.
Somos?
Sobreviventes do fim dos tempos percorremos praças. Mijamos nos
mijatórios e nos postes. Restaram também muitos cães.
Recomenda-se
contemplação. As flores, mesmo sonhadas, dão inteireza. Há mundos
em floradas. Mansas sejam. E sejam viçosas.
Noite é
estreita. Infinito é escuro. Nos sonhos todos aparecem. Os mortos,
os idos, os tempos e outras fantasias têm cor.
Horas
confundem-se no agora. Há luz e sono. O homem projeta viver na
verdade. E no mundano oculta-se. Eita falatório! É tarde?