quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Realirismo II – A personagem é persona, é sedenta.

                       Nas tardes livres estuda amarração de turbantes. Constrói para si figurinos. Nas tardes de aprisionamento observa-se em nervos, em expectativas, em sonhos de fuga.
                            Nas noites de cinema enjoa-se do sonho americano, enjoa-se de ignorâncias expostas, enjoa-se das tropas e das elites.
                           Nas madrugadas mantém-se em casa, em sono leve, em sonhos.
                           Em sua cabeça, em qualquer hora, pode-se ver: visíveis veias saltadas. Vão vivendo na fronte, em front. Formam canais, afluentes, corredeiras sanguíneas a conduzir impressões desde as rugas até o alto e invisível cérebro do homem: humano, pequeno, demasiado pequeno, homem humano.
                            Veja-se: o dito.  Perceba-se: o enquanto.
                            Anote-se: o quando, aquando, é dito o dito, pode ser nomeado. 
                            O nome do quando é enquanto.

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