quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Membros.

Eis a manhã. Eis a tarde. Eis a noite. E o tolo a nomear. Enfado é o fardo. Horas há de fato. Percebe-se.

Na manhã faltam braços. Há precisão de carregar. É para trazer comida. Pode-se fazer por partes. E ver-se.

Em monte vê-se o homem. Em apocalipse, destrona-se o monte. Abre-se em dois. Desfaz-se e renasce em clareiras.

Em tarde já está. O homem é atormentado. Pensa demais. Escreve introito. Vive em começo. Encavala dedos de pés.

Perde-se em página. Pernas vibram cansaços. Fraqueza é presente. Dor é na boca. A verdade é pródiga.

Numerar não resolve. Nomear não livra. Entender não basta. Escapar não pode. Gritar não adianta. Viver é vivo.

Da manhã vêm alimentos. De ontem chegam também. Antes de comer é preciso existir. Comedor ou comida, tanto faz.

Nas clareiras, em beira de pico, em precipício, em alturas, em quaisquer ares, há vida, esta. É tudo muito comprido.

Pode-se dizer: vastos. Campos, abismos, universos, verdes, versos, quais não? Partes existem? Há parte?

É tardinha. Linhas querem percorrer páginas. Cheias de palavras a contar as ruas cheias de estranhos.

Somos? Sobreviventes do fim dos tempos percorremos praças. Mijamos nos mijatórios e nos postes. Restaram também muitos cães.

Recomenda-se contemplação. As flores, mesmo sonhadas, dão inteireza. Há mundos em floradas. Mansas sejam. E sejam viçosas.

Noite é estreita. Infinito é escuro. Nos sonhos todos aparecem. Os mortos, os idos, os tempos e outras fantasias têm cor.

Horas confundem-se no agora. Há luz e sono. O homem projeta viver na verdade. E no mundano oculta-se. Eita falatório! É tarde?

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