quinta-feira, 24 de março de 2011

Elipse.

Dias e seus volumes comparecem, em palavras, à página branca sobre o fundo azulado. O desejo de escrita, registro, existência além do momento, enche os fatos de sentido. O real afigura-se fantástico. O dia, claro e singelo, quer existir qual capítulo de grande história. Como chegar ao intento? Como atingir o invisível alvo?

Logo depois do terremoto, o grande, a personagem chega à janela. Incêndios próximos e distantes são as fontes da luz. Não há falas. Os olhos não se movem. Atentam ao edifício em obras, intacto. Em meio aos desmoronados apresenta-se em seus muitos patamares abertos. Resta feito memória de um momento perdido, de um futuro que não virá.

Como será o próximo instante? Sobre tanto nada se sabe. Perguntas e angústias sucedem-se em busca de entendimento. A fala quer desenhar uma trilha. A memória quer tornar-se um mapa. Entretanto, as imagens desaparecem, as lâmpadas apagam-se e o passado vira sonho. Às cerimônias do fim, ao que parece, faltarão os tempos.

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