segunda-feira, 28 de março de 2011

Trecho sem nome.

Chega à casa. Confere as sensações. Há um tremor no centro do peito. Se é medo, se é paixão, se é presença de sentimento alheio, não descobre. Deixa-se massagear por água fria. Veste-se com panos macios. Escolhe música amorosa. Escolhe vinho tinto, seco. Corta, recorta, lava, tosta, tempera, deixa em fogo. O tremor segue, qual obra de quebranto.

Querem saber de uma coisa? Vou contar. Vou sim. Esta personagem é esquisita. Parece existir qual espectro. Desenha-se, somente em traços, na imaginação do narrador. Brinca de ter perfil. Finge ter história, fundo, inconsciente oculto, impulsos e tons. Todavia nada diz. Pouco respira. Não se enfia na vida e, apesar, não morre. Treme em canto.

Música russa, taças e taças, risoto apimentado, meia luz e coisas outras, em lista exaustiva, comparecem à noite. Ao todo, no dentro e fora, dirige-se a atenção do sujeito, o oculto. Enfrenta-se. Ao contar-se busca pacificação. Medita o transitório, o finito, o sentido desconhecido do seguir em direção a qualquer parte. Teme o tremor. Teme perder o encanto.

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