O achado no caderno encapado foi uma carta ameaçadora. Dava conta da necessidade de porem-se os carros sobre os trilhos e seguir. Qualquer movimento há de ser feito imediatamente. O perigo não é circunscrito. Ao contrário, muito ao contrário, diverso e infindo é o perigoso perigo, em escrito ameaçado.
Tudo terá fim um dia. Aos seres cabe ir até o fim e, dali, saltar em direção ao incompreendido. No avesso é próprio pensar o tema da morte quando ele se apresenta. Temer. Pensar em mudar no imediato e, tornado em outro, ver-se em contínuo começo. Alivia. Descrever-se, descrever-se, descrer, desdenhar, desvendar suaviza.
O medo volta. É necessário recolher os sentidos antes em diáspora. A dor existe e é delicada. Uma refeição ligeira se pode fazer e seguir pensando. Os trabalhos do corpo, os esforços da transformação do alimento em sangue, são as tarefas, as principais. Estar vivo é perfeito. Só existe se for completamente. Não há meia vida. Não há quase vida.
São necessários muitos cuidados para poder prosseguir. Se as letras tomarem o poder do texto, em revolta agonística, cerceando o homem, proibindo a prática da produção do sentido, estará tudo perdido. A liberdade é pântano frondoso. Deseja-se estar a salvo, mas isto é impossível. Não há abrigo qualquer. Não há lado de fora.
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