É manhã. Assim é feito o ato. O ator é o divagante. Pratica. Vislumbra. O princípio é musical. Banda das antigas, pouco ouvida, novidade velha ou sabe-se lá, é o introito. Preambular é de precisão. Mover-se na lenta é o jeito próprio da personagem. Há o drama do esquecimento, os lapsos. Na cela, sem saber qualquer começo, alguém é invisível. Os dias são os do aprendizado, do treino. Há o momento do banho frio.
Depois vem o prazer de esfregar-se, perfumar-se, vestir-se, olhar-se em espelhos diversos e sair a caminhar. O cenário é de efeitos, luzes, veículos, simulações. A luz é de meio-dia em calor. Na próxima parada pressente-se, no palco, a chegada ao encontro. Nos primeiros momentos os dois lado a lado estão. Fazem frente, na boca de cena. Mulheres aparecem. Contam façanhas grandes. Perdem-se os antes encontrados. É, pois, assim o almoço.
É na tarde. Em começo sempre é o estado do estar e do estarrecer. Andarilho poetisa andança suave. Instrumento aparece no pensamento. Some. Reaparece. Meditar métrica é necessário. Sob efeito do desígnio – palavra desconhecida, desentendida, buscada, compreendida depois de – segue-se. Como transliterar, versar, cadenciar, solfejar? São tantas as tarefas amorosas! É dever fazer escavações, plantios, colheitas, preces. É permitido entregar-se, por instantes, à música.
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