Privado de umas, dá-se outras – coisas, coisas do homem, coisas de homem. Vê-se. Vai às ruas, comparece às instituições. Vai limpo e aprumado, em horas e minutos exatos. Se mandam, senta-se voltado à parede branca. Permanece, no mover os olhos e os dedos, recostado. Espera o caminhar dos relógios e calendários. Agradece. Até agradece. Interrompe afazeres, dando-se os outros, em disciplina de comer direito e tudo, lavar-se apropriadamente, retornar no prazo. Agradece mais e mais. Até sorri. Permanece em olhos, dedos, assentos, encostos, sobre o piso branco. No anoitecer, come o pouco frugal, o permitido exato. Segue à janela e espreita. A lua existe em traço, nova. Reluz em meio a nevoeiro anunciador. Onde a graça? Onde o afago? Onde o motivo? Traça no chão os círculos todos. Exaure-se em possíveis. Escolhe cinco trajes. Põe a repetir uma canção alvissareira. Despe-se. No movimento, o segundo, toma a garrafa. Sente o gelo, o vidro, a transparência. Queime-se o céu, o véu, a boca da noite, a solidão, o inferno!
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